G1: Mergulhadores do litoral de SP vão para o Equador pesquisar a raia-manta

Um grupo de mergulhadores e pesquisadores do litoral de São Paulo viaja, neste sábado (31), para o Equador com o objetivo de estudar as raias gigantes. É o terceiro ano consecutivo que a equipe do Projeto Mantas do Brasil, que atua na Laje de Santos, visita a Isla de La Plata, no Parque Nacional Machalilla, local que tem a maior incidência da espécie no mundo.

Paula Romano, coordenadora administrativa do projeto, que é patrocinado pela Petrobras, explica que a expedição é uma excelente oportunidade para pesquisar a raia-manta, que está ameaçada de extinção. "Em 20 anos de observação na Laje de Santos, registramos cerca de 80 indívíduos. No Equador, conseguimos monitorar aproximadamente 100 animais em uma semana. Em Santos, a média é de 10 raias por ano, mas esse número vem diminuindo, o que é preocupante. Em 2012 vimos sete, neste ano, apenas três", relata.

A coordenadora conta que tanto as informações coletadas na Laje de Santos como as registradas no Equador são incluídas em um banco de dados internacional, centralizado pelo programa Manta Matcher, sediado em Moçambique, na África, e liderado pela bióloga e cientista norte-americana Andrea Marshall. "Desde que firmamos essa parceria, adquirimos mais experiência, técnicas e equipamentos para aprofundar mais as nossas pesquisas. Um dos acessórios que temos usado é o 'tag', que é implantado nas raias.

O aparelho registra, via satélite, dados como localização, velocidade, profundidade, temperatura e outras informações que ajudam a entender o comportamento do animal. Também fazemos medição por laser, coleta de DNA e registro fotográfico. Cada raia tem uma série de manchas no ventre, como uma impressão digital, que as tornam únicas", relata.

Segundo Guilherme Kodja, coordenador de Educação Ambiental e Operações de Campo do projeto, a raia-manta é um animal fascinante, que apesar do tamanho, é inofensivo.

"É um ícone, por ser a maior espécie de raia do mundo. Pode chegar a oito metros de envergadura e mais de duas toneladas de peso. Faz parte da 'mega fauna carismática', como o tubarão baleia. Ela é uma filtradora de plâncton, não mastiga, não tem dentes. É frágil, se reproduz de uma forma muito lenta, por isso não tem condições de repovoar uma área que tenha sido explorada pela pesca, mesmo que acidental", alerta.

Desde março de 2013, a pesca da raia-manta está proibida em todo o litoral brasileiro. O Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, localizado a 35 quilômetros da costa, é considerado um santuário marinho e o melhor ponto de observação da espécie no Atlântico Sul.

De acordo com Kodja, já houve avanços nos estudos, mas ainda há muito o que descobrir. "A troca de experiências é essencial para que a pesquisa seja padronizada em todo o mundo e tenha começo, meio e fim. A raia-manta é muito difícil de ser estudada, por passar pequenas temporadas em determinados lugares muito específicos. Mas o objetivo final é entender esse animal, criar mecanismos de manejo e conservação da espécie, e estamos no caminho", conclui.


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